segunda-feira, 28 de dezembro de 2015


                                     
                                         
                                       
                                                    Incógnita

Nunca fui o que queria ser
Nunca fui de baladas
Nunca fui politicamente correta
Nunca fui a filha preferida pelo pai
Nunca fui a mãe sonhada
Nunca fui a estudante quietinha
Nunca fui a miss do país
Nunca fui a inspiração de uma melodia
Nunca fui a amante perfeita
Nunca fui de ter legiões de fãs
Nunca tive milhares de amigos
Nunca fui o controle de emoções
Nunca fui a infância colorida
Nunca fui a adolescência multicor
Nunca fui a luz das estrelas
Nunca fui a canção de ninar
Nunca fui a estrada a ter fim
Nunca fui um porto pra desprezar
Nunca fui a saudade de alguém
Nunca fui a mentira sincera
Nunca fui o conformismo de uma pátria ingrata
Nunca fui a coerência de uma paixão
Nunca fui a redundância de um silencio
Nunca fui o pleonasmo de um contra senso
Nunca fui a eternidade de um sorriso
Nunca fui a justiça gritando em versos
Nunca fui versos dos poetas
Nunca fui um vulcão em erupção
Nunca fui a calmaria de um deserto
Nunca fui a favorita nos bailes
Nunca fui felicidade
Nunca fui preenchida por afetos
Nunca fui o álibi de alguém
Nunca fui a contingência do momento
Nunca fui o peso da solidão
Nunca fui a raridade da especie
Nunca fui a escolha e sim a opção
Nunca fui um fardo a se carregado
Nunca fui um status social
Nunca fui a soberba pedindo passagem
Nunca fui a altivez de um sangue real
Nunca fui o orgulho de uma atitude feita
Nunca fui a correção de uma vida pelo meio
Nunca fui a rosa mais bela
Nunca fui a singeleza da manhã
Nunca fui a frieza do inverno
Nunca fui arrogância com meus irmão
Nunca fui o preconceito e o racismo
Nunca fui a exposição de minha figura
Nunca fui o estigma de multidão
Nunca fui a ausência de solidariedade
Nunca fui a primavera de uma estação
Nunca fui refém das convenções
Nunca fui o medo da chuva
Nunca fui o flagelo ou lamentação
Mas sou muito mais do que imaginava ser
- Claudynha Nô







            
                                 

                                      Se for embora


Se for embora, por favor devolva-me o  sorriso
Reponha  minha vida de volta
Deixe a luz em meu viver

Se for embora, saia por aquela porta
Não olhes para trás e vá embora de uma vez
Renuncie aos meus carinhos
E vá ao entardecer

Se for embora, abra mão da felicidade
Prometa não sentir piedade
E não volte com a saudade

Se for embora, não me beije por esmola
Não tente enxergar minha áurea
Transforme essa despedida
Numa triste parábola

Se for embora, me tire dessa confusão agora
Feche seus olhos para nosso passado junto
E parta, se for sua hora

Se for embora, me deixe sozinha com minha dor
esqueça o nosso ninho
apague as trilhas do nosso caminho
e não  mais proverá meu amor


Se for embora, levarei comigo o seu olhar
De mim terás meu padecer
De entregar-me por inteira e ficar só a sofrer
- Claudynha Nô