
Infância e velhice
Essa vida é engraçada, me permita comentar
Nascemos frágeis e indefesos
Que é preciso carregar
Não temos dentes, há pouco cabelos
Nem palavras sabemos citar
Fazemos as necessidades na roupa
Para os outros limpar
Somos a perfeição da inocência e confusão
Quando começamos a engatinhar
Caímos, tropeçamos e começamos a andar
Fazemos birra por tudo
Porque carinho queremos ganhar
Pra comer tem que colocar na boca
Engasgamos facilmente ao se alimentar
As primeiras palavras começamos a balbuciar
Somos hilários, ou bravinhos
Depende do dengo que ganhar
Os anos passam rápidos e tempestuosos
Vivemos experiências, aprendemos e crescemos
Nos tornamos adultos cheios de sabedoria e domínio
Mas somos prepotentes e ingênuos
Mal sabemos o que destino tem a nos reservar
Uma senilidade bizarra
Que vai fazer o tempo voltar
Chega a nossa velhice, frágeis e indefesos retornamos a ser
Caem os dentes, caem os cabelos
Falamos palavras difíceis de entender
E as necessidades na roupa voltamos a fazer
As pernas já não nos obedece
As mãos trêmulas, o gênio forte
E sozinhos não queremos ser
Queremos carinho, atenção e cuidados
Pois os ossos fracos não se firmam mais ao comando
Ter necessidade de apoio
E quem acalente o pranto
Pra que tanta soberba, se as origens vamos retornar
Nascemos do nada e do nada vamos está
Porque a infância e a velhice têm o mesmo caminhar
O nascer é o que ha de vir e a velhice é o que se foi
Ambos são sem independência, sem autonomia para administrar-se
São as duas datas da vida, onde se tornam uma
São os reflexos dos anos que se foram a emanar-se
Nós somos o tempo em mutação
Vivemos e não aprendemos essa lição
Em um dia fomos crianças e na velhice o voltamos a ser
-Claudynha Nô