
A revolução modernista
Oswald de Andrade fazia-se o primeiro importador do “ futurismo “, de que tivera apenas notícia no Velho Mundo. O manifesto Futurista, de Marinetti, anunciando o compromisso da literatura com a nova civilização técnica, pregando o combate ao academismo, guerreando as quinquilharias e os museus exaltando o culto às “ palavras em liberdade”, foi-lhe revelado em Paris.Oswald compõe um poema de versos livres, cujo original foi perdido ou até jogado fora, em virtude das arreliações que provocara. Intitulava “Último passeio de um tuberculoso pela cidade, de bonde” . O poema, descritivo, de inspiração urbana, mais lírico do que romântico, quando mostrado furtiva e acanhadamente aos amigos, era pretexto para zombarias. Ao lerem-no ou ouvi-lo, perguntavam invariavelmente pela métrica e pela rima...Para atualizar as letras nacionais era preciso importar idéias nascidas em certos culturais mais avançados. Oswald aspirava a aplicação de novos processos artísticos às aspirações autóctones e, concomitantemente. O Brasil avançava materialmente. Aproveitava-se dos benefícios da civilização moderna, mas, no plano da cultura, não renunciava ao passado, estava preso aos mitos do bem-dizer, do arduamente composto, das dificuldades formais.Foi realizada em São Paulo, inaugurada a 2 de março de 1913, a primeira exposição de pintura não-acadêmica realizada no Brasil. E mais tarde em maio de 1914 foi realizada outra exposição eu reúne as notícias e comentários dos jornais da época, revelava forte influência da moderna escola alemã.E por influência dos estrangeiros, dos refugiados que “só falavam no cubismo”, as primeiras experiências foram realizadas, os primeiros nu cubista brasileiro foram pintados, aquele por Boylisson e este por Anita Malfatti.Um ano depois sabe-se que Oswald de Andrade andava divulga no o “futurismo”.Porém, em 1917, ocorreram fatos marcantes para a história do movimento literário e artístico que culminaria na Semana de Arte Moderna.Oswald e Mário de Andrade juntos irão, aos poucos, confundindo ideais e sonhos, e juntos chegarão à luta renovadora das letras e artes brasileiras.É preciso erguer-se mais o sentimento de nacionalidade artística e literária, desdenhando-se menos o que é pátrio, nativo e nosso; e os poetas e escritores devem cooperar nessa grande obra de reconstrução.Há uma nova linha a seguir, um novo rumo a descortinar, mas, por enquanto, são indecisões e táteis. Por enquanto, são o Parnasianismo e o Simbolismo de desmanchando. O Parnasianismo como extinto e o Simbolismo como abandonado, e às novas gerações clássicas de hesitantes, confusas, indefinidas. João Ribeiro classifica a poesia como nova e diferente, tendo como características, as quais se destaca:· Livre de metro e na expressão;· Seu ritmo tem o desalinho de prosa, variado e profundo;· Possuindo também seu vocabulário e temas preferidos.“ A poesia parnasiana entre nós – escrevia João Ribeiro – já se tornou fatigante em retardatários, imitadores provincianos, que aprenderam as experiências técnicas dos seus mestres, igualaram quase a sua perfeição, e, por assim dizer, banalizaram, até o fastio, a sua estética. Daí, o desencanto de antigos segredos, o excesso de sonetos perfeitos e inúteis, aos milhares, aos milhões” .Em 1921 o grupo modernista – ou futurista, como era chamado e que, às vezes, a si próprio assim se denominava – está composto e, mais do que isso, coeso e unido, representa já uma força nova dotada de consciência. É chegado o momento, portanto, de declarar publicamente a sua existência e, o que importa mais, de revelar a disposição em que se encontra de lutar.O artigo de Oswald de Andrade sobre a poesia e o poeta Mário de Andrade deu maior circulação às palavras futurista efuturismo. Antes disso, é exato, esses vocábulos já eram conhecidos e usados, mas não vinham cercados de rumor e nem continham a carga polêmica que então adquiriram nos meios cultos paulistas. Eram, agora, também, palavras que correspondiam a uma realidade nossa, e, assim não diziam respeito apenas a um fato estrangeiro. Os jornais, a partir desse momento até o fim de 1922 – e especialmente durante a Semana de Arte Moderna – estão repletos dessas palavras, que são usadas caricaturalmente e inspiram quadrinhas, sátiras, sonetos humorísticos, zombarias de toda sorte. Até a política vê-se invadida por elas. Chamam, por exemplo, “futurismo político” às atitudes inconformadas assumidas pela oposição...É preciso não esquecer que, já em 1920, Oswald de Andrade anunciava, para 1922, ação dos novos que fizesse valer o nosso Centenário que ocorreriam no ano em que o Brasil completava seu século de autonomia política. O terreno, arroteado pela polêmica, e a semeadura, iniciada desde 1917, com a exposição de Anita Malfatti, viria produzir, enfim, os seus frutos. Outra etapa da história cultural brasileira estava para ser inaugurada.
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